terça-feira, 7 de abril de 2009

E O SOM DE DEUS

O momento é agora... é já
De uma urgência imensurável.

O segundo que trilho
Entre uma palavra e outra
É o bastante para que tudo o que foi dito
Não tenha mais sentido algum.

O que se escuta,
Jamais pode ser ouvido de um mesmo modo,
O sabor de um beijo,
Um afago dado,
Jamais é o mesmo duas vezes.

A vida é essa aventura,
A cada minuto
Deparamos-nos com essa outra pessoa
Que não somos nós.
Como num intervalo entre o que se foi,
E o que se deseja ser
Nesse minuto adiante.
A atrocidade do tempo é essa,
Só percebemos a importância do hoje,
Amanhã.

A vida deve ser entendida,
Como um lapso,
Um ponto de luz,
Um instante passageiro
Que se chama “agora”,
Sem metafísica alguma.

Talvez se pudéssemos voltar pra aquele momento
Crucial de nossa existência,
Creria na origem divina dos homens,
Fora isso,
O dia-a-dia é apenas uma angustia cotidiana,
Que fica na lembrança.

Aquele olhar,
Aquele primeiro toque
Aquele beijo.
Tudo tomou dimensões diferentes,
Os solavancos não são mais possíveis,
A vida fadou esse instante
A uma bela história
De um amor antigo e inútil.

Queria por um momento
Menor que fosse,
Sentir toda a ebulição
Que aquela visão provocou em mim
Há tantos anos atrás.
Mas que foram sucumbidas
Pela atrocidade do tempo.
Por essa limitação humana.

A saudade é uma maldição
Imposta pelos deuses
Para que jamais pretendêssemos a perfeição
Resta a dor,
O silêncio
E o som de Deus.

joasvicente

Um comentário:

alzeny lira disse...

[...]
A vida deve ser entendida,
Como um lapso
[...]