sábado, 20 de junho de 2009

CIVILIZAÇÃO

Preciso de uma loucura
Nesse exato instante
De uma grande loucura pra viver.
Uma visão avassaladora
Um desvario qualquer
Já é um alívio pra me sentir vivo
De novo!

Pensar em nada
Não sentir nada, nem ninguém
Preciso de uma loucura que não me faça pensar
Não quero pensar em nada
Quero uma loucura, apenas...
Uma loucura
Pra não morrer...

Quero a essência do instinto
Esse animal domado que reside em meu peito
Quero a insensatez como guia
O acaso como objetivo
Quero o desatino
A completa insanidade.
Almejo a loucura!

A volúpia... O desejo...
Quero esse cerne da existência
Sentir apenas o vento batendo no corpo
Nessa alma nua de sentimento
Despudorada de juízo...
De razão
Inerte a qualquer dor!

Rasgar o peito como se me libertasse
Dessa atroz prisão da consciência
Ser selvagem entre a ilusão e a realidade
Ser o encontro entre a pulsação e a continuidade
Quero o sabor dessa ambição
Entranhada em meu corpo débil
Em minha alma vazia.

Quero enlouquecer!
Compreender esse ser endoidecido
Que mora em mim
Habita meus sonhos mais íntimos
Vive no limite de minha sanidade
No vazio desse reles espectro
E é freado pela voz da Civilização.

joasvicente

segunda-feira, 15 de junho de 2009

PESADELO

Esse frio que entra pela janela
Nessa escuridão que engole a noite
A chuva no telhado
Esse você em minha cabeça.

Como uma lembrança constante
No meu corpo trêmulo
Nos meus olhos distantes
Nessa falta que você me faz.

Não sei se a madrugada vai acabar
Num sei se acabo na madrugada.
Nessa loucura toda
Num desvairio alucinante
Nessa cama gélida.

Sou eu
Esse ser estático... endoidecido
Com todas as dúvidas
Todas as certezas
Sem nenhuma conclusão.

A luz tênue da manhã
O canto longínquo dos pássaros
Essa aurora que não brilha
Essa dor que não cessa
Como num pesadelo infinito.

Essa agonia que me faz revolver
Nessa cama desforrada
Nesse quarto úmido
Embaixo desse cobertor gelado
Como uma angústia sem razão.

Pouco á pouco
As coisas parecem readquirir o sentido
O cheiro do café
O relógio que desperta
O barulho dos carros... Das pessoas
Servem como alento para acordar.

Entretanto
Você continua lá como uma marca
Como um sonho em minha cabeça
Que não pensa... Que não acorda
E nem tão pouco dorme
Vive pra você.

Preciso acordar!

joasvicente