terça-feira, 15 de setembro de 2009

NADA-EU

Minha saga é essa
Morrer de tédio
Embutido nessa alucinante sensação
De que nada é completo
De que a felicidade é utópica
E a vida é como esse despertar
Agoniado... doído... sem razão.

Carrego essa imposição do destino
Como uma espécie de sina
Que decreta minha inércia total
Diante dessa tragédia anunciada
Que se apresenta sob a forma de dias
Longas noites...deploráveis madrugadas...
Habitadas pelo desprazer da rotina.

Vez por outra o dia dura tanto
Que preciso dormir antes do crepúsculo
A fim de encurtar de algum modo
Essa agonia latejante
Essa vida sem propósito
Essa existência sem motivo
Esse nada-eu!

Nas noites estéreis o alívio são as cobertas
Fecho os olhos com firmeza
Para que a ilusão do sonho acabado
Permaneça em minha mente.
Inda que essa realidade angustiante da insônia
Traga a tona, toda a dor de sentir o mundo
Enquanto o mundo dorme.

Como uma roda viva
Nesses instantes minha mente pensa
Quando não era pra pensar.
Surgem teorias ensandecidas
Cálculos indecifráveis... Realidades irreais
Que permeiam meu pensamento
Até o bafejo dos primeiros raios solares.

Esse estado de desatino pleno
Acompanha-me continuamente
E a aflição é algo certo pra mim
Como as páginas de um livro de receita
Onde os ingredientes estão discriminados
E o meu corpo vai juntando-os
A fim de servi-los na mesa da existência que é a vida.

Eu vou comendo cada bocado dessa refeição fria
Com o dissabor de quem não tem paladar
Com a ânsia que chegue ao fim
A vida que mata a fome de todos
E marca-me como tortura
Perpetuada nessa minha covardia
De não acabar logo com isso!

Bang!

joasvicente