domingo, 4 de abril de 2010

AO PÉ-DO-OUVIDO

De repente a gente até briga
Discute por horas por motivos tão banais
Que vez por outra nem sei por que estamos discutindo.
Mais a vontade de chamar tua atenção é tamanha
E simplesmente não consigo parar.

Com você tudo é assim
Essa intensidade toda,
Essa atmosfera regada pelo brilho de teus grandes olhos
Pelo sabor de tua boca,
Que tenho tanta vontade de experimentar.

Você é minha musa
Sabe aquelas dos contos medievais
Que não se imagina tocar os lábios
Nem sentir o frescor da boca úmida?
Eu toquei... Eu senti...

Já te abracei tantas e infinitas vezes
Mas dessa vez foi diferente
Como se as palavras ao pé do ouvido
Os sussurros entremeados de desejo
Rompessem esse silêncio aterrador.

Rompi com essa coisa toda de poeta
As musas nasceram para o toque!
Desprezei essa utopia...
Esse sonho distante... Encantado...
Depois que experimentei tua boca.

O toque de teus lábios fez surgir em mim
Uma paixão louca e dilacerante.
O calor do teu abraço... do teu corpo...
Essa voz apaixonada...
Me fez romper definitivamente com a poesia.

Quero a prática dos versos todos
Ser um apostata dos poetas platônicos
Inaugurar a poesia do movimento
Onde o livro seja o teu corpo
Em que rabisco afrescos indecifráveis.

Vou delineando nessas linhas tortas
Palavras sem nexo ou sentido
Ritmadas como numa canção apaixonada
Pelo brilho do teu olhar
Pela certeza de você ser minha e eu ser teu.

Não quero a poesia...
a palavra sozinha não serve!

joasvicente