terça-feira, 2 de dezembro de 2008

SIMULAÇÃO

Eu...
Um reles burocrata
Como posso pretender entender a alma humana?

Para mim...
Que não entendo nem o que faço
Nessa tardes infinitas;
Para quem tudo é papel...
Números... notas
Não entender é entender.

Então...
Seguindo sem entender.
Debruço-me sobre este papel
Nesse ambiente inóspito
Sem desejos ou aspirações
Sobre que abismo é esse
A alma humana?

As frias notas
Têm tão mais significado pra mim
Do que a alma humana!
Porque as entendo
Ou simulo entendê-las
nem sei bem
O que é entender
ou o que é simular?

Sei tanto dessas notas
Papeis... números... gráficos
Que às vezes penso
Que tudo é alma
E simulo entender sempre!

Nesse instante
Prefiro a ilusão ao entendimento.
Talvez...
O que me instiga na alma humana
Seja isso:
Essa similaridade com as notas
Essa simulação de entendimento
Essa ilusão permanente.

É tanto sentir
Que nem sinto mais.
Tudo se tornou tão comumente incompreensível
Tudo...
Que tudo é alma
Só alma.

joasvicente

O QUE É SENTIR?

- O definhar dessas tardes,
O cansaço dessas noites mal dormidas,
Essa febre da saudade

- Essa vontade de me tornar esse sopro auditivo,
Que me sussurra palavras,
Signos sem sentido ao toque do telefone.

- Eu te quero agora!
- Perto de mim.

- O mundo inteiro
Todas as palavras
Resumidas em uma frase tão simplória.
"ME AMA".

- Você é como um cheiro em mim,
Uma identidade só minha
Invadindo-me... decifrando-me...
Desde a ponta dos meus cabelos,
Até a fundura do meu intimo.

- Pensar em você é como um perfume
Usado pela manhã,
E que ainda a noite é sentido na camisa pendurada,
No corpo suado.

- Pensar em você é como a crença dessa gente toda,
Que ao fim do dia acredita nos deuses todos,
Na humanidade, no valor da existência
Quando sei que os deuses e a humanidade não existem
E que a vida já não vale à pena!

- Nesse fim de tarde,
Em frente a esse mar todo
Longe-perto dessa alienação geral
Quero desejar o desamor
Mas não consigo

Desejo você.

joasvicente