sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O SILÊNCIO...

Cadê você?
As palavras se calaram
Se negam a falar do intenso pesar
Da vontade de me perder completamente
Para quem sabe num sonho louco qualquer
Encontrar-me com essa delicia
Que são os teus beijos
O teu corpo... o teu cuidado!

Os poemas
Os versos de amor se dissiparam
Como um raio dantesco
Nas noites sem luar
Cortando o firmamento da paixão
Com dor... angustia
Ressentimento e desilusão.

Restaram às lembranças
O afago da tua imagem
Que vez por outra
Salta diante dos meus olhos
Num delírio insano e profético...

Restou o teu cheiro
Na minha pele
O odor que mistura desejo e saudade
Que me faz viajar
Nas brisas fugazes de teu amor...

Restou o teu rosto gravado
Como um altar onde dia após dia
Sinto mais forte a necessidade de você.

Restaram as flores
Amassadas...
Jogadas pelo caminho
E recolhidas uma a uma
Pétala por pétala
Pelas lágrimas ...
Que vez por outra rolam face abaixo
Escondidas no canto do rosto
E entre os soluços desvairados.

Hoje
Olhando de tão longe quem fui
Lembro com nostalgia até das dores infindas
E das noites em claro
E dos desesperos latentes;
Como se cada minuto
De tanta agonia valesse à pena,
Porque nele estava você.

Hoje
Um vazio corre em minhas veias
Um vácuo gélido
Inundado pela neblina da solidão.
Essa escuridão de não sentir
Que faz com que grite no nada:
Cadê você?

Mas essa pessoa que sou hoje
Esse mensageiro
Que sente tudo indiferente
Não compreende mais esse ardor passado
Eternizado e inútil!

Ficaram as lembranças
Que nem mais percebo
Porque essa pessoa que sentiu tudo
Que viu tudo... se calou
As palavras silenciaram.

joasvicente

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PERFUME

O que é o tempo para que pensemos nele?
O que é a vida para ser pensada?
Certamente todas as respostas se anulam
Nessa filosofia antiga e inútil.

O tempo é essa sucessão de vida
Que só tem significado quando vira lembrança
Quando o Sol das circunstâncias, do equivoco
Tornou-o apenas uma brisa de saudade

A vida é essa sucessão de tempo
Mal compreendida, ignorada, não vivida
É esse eterno sentido sem sentido
Que quando há sentido, perdera o sentido

A vida é como um perfume lançado nos ares sobre toda gente
Alguns sentem, mas passam sem dar importância
Outros se encantam e param para senti-lo
Mas há os que se deixam perfumar.

O tempo é o que se faz com esse perfume
Alguns sentem e não dão importância
Outros se encantam e param
E há os que se deixam perfumar.

joasvicente

DESCONHEÇO-ME!

Espera-me aí, na janela
Onde o luar possa te abraçar
Com todos os meus abraços!

Eu sou esses raios límpidos
Essa brisa suave...
Essa noite que não se encerra.

Eu sou essa vontade
De te sentir como em pequenos goles
Em sutis toques...
Em alucinados devaneios.

Quem sou eu
Quando você me espera na varanda?
O que é a verdade pra mim
Que sempre me desconheço
Quando o teu cheiro surge nos ares?

Quando a tua imagem surge nesse sobrado
Nessa noite... nesse luar?
Nesse mundo todo
Que só sinto quando vejo você?

Talvez
Seja apenas essa palavra
Sem nome... sem pronúncia.
Amaldiçoado pela saudade
Pela falta... pela perda
Pelo teu amor!

Melhor não me encontrar
Assim, posso viajar
Nas asas dessa dúvida permanente
Que açoita-me todas as noites
Quando não te vejo na janela
Na varanda... no sobrado
Em mim!

Nem sei se quero você.
Nem sei se quero te ver.
Sei tão pouco.
Apenas sinto.

Melhor desconhecer
A tradução dessa loucura
A sanidade desse sentir
Do que afogar-me
Nas águas claras do entendimento
E não ter você

joasvicente