terça-feira, 2 de março de 2010

NÃO CONSIGO ESCREVER

Não consigo mais escrever!
Pensar em você retira de mim qualquer inspiração
As palavras somem de minha mente
Desaparecem de meu pensar
Restando somente essa dor
Essa agonia de você dentro de mim.

Os textos e poemas guardo nas gavetas
Do armário mais escondido da casa.
Toda a minha ebulição agora
É provocada por teu corpo
Por teus olhos que inundam com essa luz arrebatadora
Esse eu exposto... Frágil... Insensato.

Está com você é toda a poesia
As rimas, as dores, as insatisfações do poeta
Sucumbem frente a esse beijo teu.
A luz do quarto que guarda o teu corpo em segredo
É muito mais intensa pra mim
Do que as linhas todas de uma epopéia qualquer.

Ficaria a noite inteira assim
Paralisado frente a você.
Com os olhos fechados buscando teus segredos
Imaginando os cantos mais ocultos de teu corpo
A transição de teu rosto... teu pescoço... teus seios.
Com os olhos fechados para os imaginar.

Rompi de uma vez com o entusiasmo criador
A criação agora é fruto dos sentidos
Não dos textos poéticos.
Toda a poesia agora é esse livro livre
Que passa por mim com esse odor apaixonado
E eu rabisco teu corpo com os dedos do desejo.

Registro os atos mais simples
Tua boca que saliva ao meu toque
Teu corpo que estremece perto do meu
Os olhos inchados de chorar a noite toda
A espera desse momento mágico
Em que nos encontramos na penumbra.

A sombra desse quarto estreito
Sem janelas, sem luzes, sem ar
É a perfeita conclusão do que somos nós.
Escondidos diante dessa vida nada
Que fica lá fora, fora de nossos corpos suados
Dessa magia toda que somos nós aqui.

Daqui a pouco essa ilusão chega ao fim
Nossos olhos envoltados de silêncio e lágrima
Sentirão a angustia do ultimo abraço
Do ultimo beijo apaixonado.
Estaremos distantes novamente
Vivendo esse amor até que a noite recomece.

Antes... Bem antes
Que eu consiga escrever!


joasvicente

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