Quando a solidão
É a unica alternativa
Crio algo para me acompanhar
Nessas noites frias
Nos tumultos intensos...
A palavra é sempre minha companheira fiel.
Quando os termos me fogem do pensar
Surgem no papel
Vírgulas... pontos finais, exclamações;
Admiro-as tanto
Tão belo o seu entonar
A delicadeza com que separam os sentidos...
Os sujeitos... as orações.
A paixão é mais intensa no texto escrito
Onde a atenção do leitor viaja
Nas asas do detalhe
Na suavidade delineada dos corpos
No ardor de cada sussurro...
De cada toque
De cada beijo.
O texto... O texto!
Adoro tanto a palavra
Que pretendi criar um alfabeto
Só pra mim.
Para compreender o texto sozinho
Num universo solitário
Egoísta... só meu!
Mas a função do texto é criar
Não em quem escreve
Mas em quem lê
Todo esse encanto do imaginar.
Um alfabeto só meu
Um segredo só meu
Mas qual a função da palavra
Do segredo senão ser decifrado?
Pistas devem ser criadas
Traços comuns que deixem claro
A vontade de quem escreveu de ser descoberto.
A função da palavra é essa
Possibilitar a quem lê a descoberta
Desse universo criado pelo autor.
Ou ao menos imaginar.
A vida inteira registrada não numa imagem
Mas num texto
É tão mais convidativo.
A vida permeada de sílabas...
Crases... reticências
É tão mais significativa do que é de fato.
A vida de qualquer individuo
Torna-se a aventura mais surpreendente
O ato mais notório...
A virtude mais virtuosa.
As linhas de um texto
Os parágrafos e interrupções
Criam esse ar deslumbrado
Essa realidade fictícia e parcial;
Esse tempo irreal
Essas figuras tão familiares...
Essa vontade de entrar num cenário
E viver a intensidade de cada personagem.
A palavra... a palavra!
joasvicente
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
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Um comentário:
Seus textos conseguem me emocionar... O que cada vez é mais difícil! Parabéns
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