De repente o mundo todo é esse universo sem sentido, e a gente vai dando um jeito e criando expectativas como se o mundo inteiro fosse a vida da gente, e é. O universo todo resumido a esse corpo débil, a esse pensamento inconstante, a essa organização doída, que eu dei um jeito de inventar, pra sobreviver.
Aí vem a velhice e a gente continua criando os sentidos pra não doer tanto. Vez por outra o desencanto abate-se em momentos de preguiça extrema. De repente tanta coisa boa acontece, mas tanta coisa ruim também e a gente repete “é a vida!” pra não pesar mais, pra levantar no dia seguinte.
Acordar é tão difícil, mas a gente cria perspectiva, uma esperança ultima pra não sucumbir diante de um mundo tão sem criatividade. Buscamos sempre o desconhecido, a fim de ficarmos entretidos e aí não vermos a vida passar com seu enfado diário, com o engodo de todas as horas.
A parte mais divertida são os planos, minuciosamente arquitetados com uma precisão de um projeto de engenharia, entretanto, a vida não são números é sim a intensidade do ultimo suspiro, fraco. Os planos tornam-se reais e aí perdem o vigor, mais a gente cria outros e outros e mais outros para acreditar que tudo tem significado.
De repente estou eu procurando uma palavra nova, pra designar algo tão velho e habitual, o tédio... De repente o sentido pra mim é esse, o desencanto, a desesperança e esse ponteiro quase parado, marcando 10:10 da manhã. Nessa manhã sem vento, sem sol, sem graça. Ainda que houvesse vento ou sol, ou graça, ela continuaria sendo enfadonha.
Quem me ouvir agora, pode imaginar que nesse instante “ando meio a flor da pele”, mas nem é isso; aprendi a inventar realidades, a viver vidas que não são minhas, a criar epopéias homéricas, desaprendi de ser triste. Mas só nos momentos em que olho o relógio com os ponteiros parados, gritando no meu ouvido o que é o tempo, só nessas ocasiões é que envelheço a alma, porque a felicidade é está descuidado.
joasvicente
domingo, 11 de julho de 2010
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