sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"FINDE"*

Quero aprender uma língua nova
Onde os sentimentos se expressem com contorno diferente
Quero pensar de forma outra
Em que as emoções estourem em mim
Como sóis explodindo em mim só.

Pronunciar cada expressão
Como se estivesse a aprender a falar
Entendendo em cada palavra seu significado inicial
A sua entonação própria
A sua particularidade nativa.

Ser natural de outro lugar
Um estrangeiro distinto de mim mesmo
Distante de tudo o que eu penso... como penso...
Longe desse pensar “viciado”
Que usa as palavras como meros souvenir’s.

Soletrar cada termo
Com a novidade da descoberta
E a intensidade de quem acabara de aprender
A emoção do primeiro encontro
Com esse novo vocábulo que surge um mim.

Aprender um novo idioma
Um jeito novo de dialogar
Em que tenha que remontar
Trecho por trecho dessa nova fala
Com uma sonoridade forasteira.

Saborear os encontros vocálicos desse novo texto
As conjunções e criações dos poetas que não li
Os ditongos e hiatos dessa mentalidade exótica
O sabor de fonemas novos... das pronuncias novas
Quero a língua livre em mim.

Entender as coisas com esforço
Quebrando as cadeias das regras gramaticais
Buscando mecanismos novos pra dizer coisas antigas
Falando cada palavra com a dificuldade
Que o mero entender não permite

Quero o novo... o diverso!
Falar em uma língua original
Talvez um verbo só... um começo
Uma silaba... uma expressão
egy másik szót!*


* “finde”: palavra criada por minha sobrinha
*húngaro: outra palavra

joasvicente

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